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BLITZ ACESSIBILIDADE: Escola Cardeal Roncalli preparada para a inclusão

Atualmente a Escola de ensino médio possui baixo número de pessoas com deficiência, mas se diz preparada para recebê-las

Aline Martins

O Segunda Chamada visitou a Escola Estadual de Ensino Médio Cardeal Roncalli para dar continuidade na série de reportagens sobre acessibilidade nas instituições de ensino.

Muito mais do que adaptar os meios físicos para receber crianças e adolescentes com problemas de deficiência, encarar a deficiência como algo do dia-a-dia e achar métodos para a inclusão desses no meio escolar são os principais desafios.

Desde o ano passado a Escola vem passando por um processo de mudanças em sua estrutura para implementar o novo ensino médio, entre elas, a readaptação de espaços dentro da instituição para que os sujeitos que possuem qualquer tipo de deficiência possam estar inclusos em todos os ambientes.

A escola possui banheiros feminino e masculino dentro das normas exigidas (Foto: Aline Martins)

Hoje a instituição não possui um grande número de crianças e/ou adolescentes com deficiência, mas já está adaptada para recebê-las como afirma a diretora da escola, Sidene Buzatto “A Escola possui acessibilidade em todas as dependências, a escola foi adaptada em todas as suas dependências por via que a gente encaminhou o projeto da ampliação ao ensino médio e nesse processo todo, a gente já fez as adaptações que se faziam necessário”.

Os banheiros são adaptados para cadeirantes, com a largura e as especificidades exigidas, hoje a escola possui acessibilidade para todas as dependências que antes do processo de implementação do ensino médio não existiam, o acesso a biblioteca foi reestruturado bem como ao laboratório de multimídia e ciências.

Atualmente não estuda nenhum cadeirante na instituição, apenas uma criança com uma deficiência leve na perna, um autista e também uma criança com deficiência auditiva.

Como cada tipo de deficiência tem suas particularidades, os profissionais que trabalham com essas crianças têm que estar preparados para conseguir fazer com que, além de se sentirem incluídas no meio em que estão, consigam alcançar seus objetivos dentro da instituição, sendo o principal deles:aprender. Para a professora Lurdes Buring que dá aula para a criança com deficiência auditiva, muito mais que um desafio, ensinar uma criança diferente dos outros torna-se prazeroso “ Quando eu penso em uma atividade, eu já penso em que ela consiga também fazer aquela atividade igual aos outros[…] daí a preocupação de todo dia se preparar, trazer alguma coisa que ela consiga aprender, que ela consiga fazer.”

O acesso à biblioteca foi reestruturado, mas ainda não possui cobertura, sendo ele apenas pelo lado externo da instituição (Foto: Aline Martins)

Hoje podemos dizer que a Escola está num processo de adaptação de inclusão dos deficientes, já que todas as ações citadas anteriormente foram pensadas no recebimento de crianças e/ou adolescentes com algum tipo de deficiência, algumas coisas ainda precisam ser pensadas como o acesso a biblioteca que, pelo fato de ser uma reestruturação, ficou apenas pelo lado externo da escola e ainda sem cobertura.

Ideias já estão sendo pensadas e cada vez mais serão realizadas para que a educação não fique distante de qualquer pessoa que queira buscar por isso, pelo simples fato da estrutura física. Pensar em uma instituição inclusa é o primeiro passo, depois vem o prazer de receber TODOS os tipos de deficiência em um só meio.

BLITZ ACESSIBILIDADE: UNOPAR por um ensino profissionalizante e inclusivo

A Universidade Norte do Paraná vem procurando se adaptar de acordo com realidade de seus acadêmicos

Dieison Marconi

Dando continuidade a série de matérias sobre acessibilidade e inclusão social nas universidades de Frederico Westphalen, “Blitz acessibilidade”, o Segunda Chamada trás a público os meios que a Universidade Norte do Paraná (UNOPAR) tem usado para promover a inclusão de pessoas com deficiência. Como integrá-las ao ensino superior brasileiro como qualquer outro estudante que busca especialização profissional?

Antes de se remodelar a estrutura física e arquitetônica para receber pessoas com deficiência é necessário superar as barreiras da desinformação e do preconceito. Quanto a inclusão de pessoas com qualquer espécie de deficiência no ensino superior, seja ele público ou privado, é natural a exigência de uma política especial.  Nisto, o Decreto-lei 5296 de 2 de Dezembro de 2004 (que regulamenta as Leis nos 10.048, de 8 de novembro de 2000, e 10.098, de 19 de dezembro de 2000) entre os seus 71 artigos que prezam pelos direitos dos deficientes físicos e pessoas com mobilidade reduzida, além de prever as reformas físicas para inserção e acesso livre das pessoas com deficiência, ressalta que (Artigo 8) é crime punível com reclusão de 1 a 4 anos e/ou multa: recusar, suspender, cancelar ou fazer cessar, sem justa causa, a inscrição de aluno em estabelecimento de ensino de qualquer curso ou grau, público ou privado, porque é portador de deficiência. Além de realçar a existência da lei acima, Gerson Bossoni Mendes, advogado, ressalta que em Frederico e região, questões de acessibilidade não são discutidas com muita frequência e que pesquisar e se informar sobre o assunto é um dos primeiros passados para desenvolvê-la.

O direito é de todos: pessoas com deficiência e sem deficiência acessam salas de aula, biblioteca e banheiros pela mesma rampa
(Foto: Dieison Marconi)

A UNOPAR, campus de Frederico Westphalen vem adaptando-se para receber pessoas com deficiência antes mesmo de estas lhe baterem à porta. O centro conta com uma rampa na entrada do prédio que dá acesso ao Hall e a recepção, as salas de aula e aos banheiros térreos. Há também outra rampa de uso coletivo tanto para deficientes como não deficientes que leva ao primeiro piso e dá acesso as salas de aula, biblioteca, banheiros femininos e masculinos, estes últimos também possuem suas devidas adaptações. O centro conta hoje com dois alunos cadeirantes, um deles é Valêncio Marcolin, estudante do sétimo semestre do curso de Administração e que também estuda na Universidade Regional Integrada, campus de Frederico Westphalen. https://segundachamada.wordpress.com/2012/04/20/blitz-acessibilidade-uri-recebe-todos-os-anos-alunos-com-deficiencia/

E se por um lado a UNOPAR está aparentemente adaptada para receber cadeirantes, por outro, também se mostra preparada para atender as condições de deficientes auditivos, visuais e também deficientes mentais. Quanto a deficiência visual, por exemplo, em Frederico Westphalen ainda não há reformulações (aulas, biblioteca, computadores e o próprio método de ensino) adaptado a este público, porém segundo a coordenação no polo, basta um uma pessoa com deficiência visual inscrever-se e ser aprovada no vestibular que o centro em Londrina irá fornecer subsídios para que este aluno possa frequentar o curso. O mesmo acontece com os deficientes auditivos, pessoas mudas e/ou afônicas, que ao solicitarem no momento inscrição do vestibular, terão provas adaptadas, e se aprovados, as aulas que são feitas a distância e ao vivo via satélite vão possuir linguagem em libras (Linguagem Brasileira de Sinais).

Estrutura física reformulada tem inicio com superação de barreiras preconceituosas: banheiros masculinos e femininos adaptados (Foto: Dieison Marconi)

Para o coordenador Técnico da UNOPAR, Milton José Fabris, sendo direito de qualquer cidadão com deficiência ter acesso ao ensino superior, seja nas universidades privadas ou públicas, é dever das mesmas atender as suas necessidades e promover a inclusão: “as medidas para tornar a UNOPAR acessível fisicamente foram tomadas pela sede em Londrina, dessa forma o polo de Frederico Westphalen e todos os outros polos da instituição acataram e promoveram as reformulações.” Segundo o mesmo, as adaptações para receber deficientes que não sejam somente cadeirantes (deficientes visuais e auditivos, por exemplo) podem ser viabilizadas, embora ainda não tenha ocorrido a demanda para tal reestruturação.

Segundo dados do Instituto Anísio de Estudos e Pesquisas Educacionais Teixeira (INEP), o número de jovens universitários com alguma espécie de deficiência aumentou consideravelmente de 2000 a 2010. Apesar de que ainda há muito por fazer, o número de pessoas com deficiência matriculados em cursos de nível superior aumentou de 2.173 em 2000 para 16.328 em 2010. Os dados incluem jovens com todos os tipos de deficiência, como deficiência intelectual, visual, auditiva, entre outras. Cerca de 10 mil desses jovens estudam em redes privadas.

A tendência é que cada vez mais estes jovens deixem de sentir-se a margem do sistema educacional e passem a usufruir do direito de estudar e se profissionalizar. Políticas públicas e movimentos sociais em prol da causa são os principais responsáveis pelo aumento da presença de jovens com deficiência nas universidades. A UNOPAR, assim como várias outras instituições fazem parte desse ciclo de adaptação.

BLITZ ACESSIBILIDADE: O Direito ao acesso

A acessibilidade já é lei, está na mídia, gera grandes discussões, é de conhecimento público, mas realmente acontece???

Marília Dalenogare e Aline Martins

Dando continuidade série de reportagens especiais sobre acessibilidade “Blitz Acessibilidade”, a equipe de reportagens do Segunda Chamada visitou os campi de Frederico Westphalen e Palmeira das Missões da Universidade Federal de Santa Maria para conferir as condições de estudo para os estudantes portadores de deficiências.

Um dos grandes temas que tem sido abertamente e continuamente abordado atualmente– e com propósito- é a acessibilidade. Tema esse que circunda e interessa a toda a sociedade, pois é essencial, ou deveria ser, o acesso de todos a tudo o que tem direito. Cada vez mais vivemos a realidade do deficiente incluso em todos os âmbitos sociais, com suas limitações sendo adaptadas e impossibilidades tornando-se possíveis.

A realidade bateu na porta da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM-FW), campus Frederico Westphalen. Tal fato aconteceu no início do semestre letivo de 2012, ao se juntar ao corpo discente a aluna Rúbia Steffans, uma estudante com deficiência visual, a situação inédita acabou mexendo com a rotina da Universidade e trazendo para primeiro plano a questão da acessibilidade na universidade, muitas vezes deixada fora de foco.

“Através dele, a partir do ano seguinte, a UFSM passou a destinar um número específico de vagas para afro-brasileiros, para alunos que cursaram todo o ensino fundamental e médio em escolas públicas, para pessoas com necessidades especiais e para indígenas, tendo em vista a necessidade de democratizar o acesso ao Ensino Superior público no país”. Essa frase refere-se às Ações Afirmativas da UFSM , que são medidas, que passaram a vigorar em 2007, com o objetivo de inclusão e acessibilidade.

Algumas adaptações apontam o caminho da acessibilidade no campus de Frederico Westphalen (Foto: Marília Dalenogare)

Além das ações afirmativas, a universidade também possui um núcleo de acessibilidade, que pretende oferecer condições às pessoas com deficiência de entrar e permanecer na universidade. Dentro desse núcleo de acessibilidade existe uma comissão de acessibilidade, a qual é formada por representantes de todos os centros e que atende as necessidades específicas de cada centro.

A inserção desses alunos com deficiência na universidade passa por alguns processos, desde o próprio vestibular, que é adaptado as necessidades especiais de cada um, até o aluno ingressar na faculdade, onde o mesmo possui um acompanhamento durante a sua adaptação e por toda sua graduação. Graciela Ló Nunes, assistente social da UFSM, campus Frederico Westphalen juntamente com Marizete Vargas, uma das representantes do Núcleo de Apoio Pedagógico, o NAP, a respeito da inserção desse estudante no meio acadêmico, falam que existe um cadastro para os alunos com deficiência, com dados de identificação e situações específicas para cada deficiência, falando um pouco mais sobre a necessidade especial daquele aluno. Após isso, as questões de adaptação, as necessidades desse estudante, tanto pedagógicas quanto materiais são discutidas com o núcleo de acessibilidade, procurando disponibilizar os meios de inclusão. No caso da Rúbia, até agora foi disponibilizado para ela um computador adaptado e uma monitora, que acompanhará ela em todas as suas atividades acadêmicas, material em braile e em áudio também estão sendo providenciados.

Quando levantada a questão da adaptação para a aluna, elas veem isso como um processo que a Universidade está se preparando, para uma coisa que ela nunca viveu, mas que a busca de informações, a mobilização dos setores foi rápida, e que o núcleo mostrou nessa situação, que funciona bem, procurando solucionar o quanto os problemas de acessibilidade na instituição.

Estrutura física da UFSM possibilita o acesso, porém nem sempre é respeitado (Foto: Marília Dalenogare)

A estrutura física da UFSM de FW possui rampas, elevadores, banheiros adaptados, vagas especiais para deficientes, porém a entrada da rampa, por exemplo, é no meio do estacionamento, onde os carros não permitem a entrada por ali, além de que, ela não tem alcance em todos os ambientes da universidade, somente no prédio central. Outra questão é que essas adaptações na universidade são quase todas voltadas para deficientes físicos, não contemplando outros tipos de deficiência. O coordenador do curso de Jornalismo Fábio Silva fala que o processo para tornar a universidade mais acessível ainda está acontecendo, e que a comissão de avaliação diagnosticou que um dos pontos fracos do centro é a acessibilidade “porque não temos calçadas, não temos sinalização adequada, as portas das salas não têm placas de identificações em braile, a universidade também não tem um piso táctil, onde o sujeito consegue se orientar apenas com o toque dos pés, o processo ainda está em andamento e a universidade vai se adaptando a partir das demandas que vão surgindo”.

A respeito da questão pedagógica, Fábio salienta que juntamente com o núcleo, está sendo pensada qual a lógica de comunicação que se consegue estabelecer com essas pessoas com deficiência, pois “há muitas características que julgamos como necessária e que pra o sujeito alvo dessa ação é descartável, tem coisas que ele vai necessitar e nós desconhecemos, esse diálogo é para o início da capacitação, pois a capacitação em si vai ocorrer ao longo do semestre”.

Algumas ações para promover a discussão sobre esse tema são realizadas nos centros e na sede da UFSM, e aqui, no campus de Frederico Westphalen, em comemoração ao Dia do Jornalista, toda a programação do evento foi pensada para contemplar o Jornalismo Cidadão, com o tema “Jornalismo Cidadão: por um Brasil inclusivo e diferente”, onde, juntamente com palestrantes e convidados, o tema da acessibilidade, da inclusão, das ações inclusivas na universidade foi discutido através de palestras, oficina e mesa-redonda.

Mais informações sobre o evento pelos links:

https://segundachamada.wordpress.com/2012/04/13/oficina-fotografando-os-sentidos-multiplica-tecnica-entre-alunos-e-a-comunidade/

https://segundachamada.wordpress.com/2012/04/13/um-dia-do-jornalista-especial/

https://segundachamada.wordpress.com/2012/04/13/pra-nao-esquecer-a-tarefa-da-inclusao-social/

São ações como essas, pensadas separadamente por cada curso, que juntas acabam levantando a questão e conscientizando as pessoas de que acessibilidade é muito mais do que uma rampa, muito mais do que uma vaga especial, e que o limite até onde o deficiente pode chegar é ele mesmo quem faz.

E em Palmeira das Missões…

Foto: Aline Martins

O elevador da universidade é destinado especialmente a pessoas com deficiência física e em cada andar da instituição há um banheiro adaptado (Foto: Aline Martins)

Atualmente, no campus da Universidade Federal de Santa Maria em Palmeira das Missões, sete alunos apresentam algum tipo de deficiência, sendo seis com deficiência física e um com deficiência visual. A instituição já disponibiliza condições físicas para receber pessoas com deficiência, mas algumas coisas ainda precisam ser feitas, como afirma a técnica em assuntos educacionais e representante do Núcleo de Apoio Pedagógico de Palmeira, Seris de Oliveira Matos Pegoraro, “Como o centro está crescendo a cada dia, o acesso a prédios novos talvez ainda não esteja adequado. Por outro lado, temos elevadores, banheiro para deficiente físico e previsão de investimento na área de acessibilidade para este ano, devido às necessidades apontadas nos questionários de autoavaliação institucional”.

No Campus, a questão da acessibilidade vem se adequando a cada passo em que a instituição cresce, adapta-se e fornece melhores condições aos deficientes físicos (Foto: Aline Martins)

A UFSM possui um Núcleo de Acessibilidade que visa oferecer condições de acessibilidade e permanência às pessoas com necessidades especiais no espaço acadêmico e uma Comissão de Acessibilidade composta por representantes de todos os Centros de Ensino da UFSM, das Pró-reitorias, Biblioteca Central e Diretório Central dos Estudantes (DCE).

Em março, ocorreu em Frederico Westphalen, uma capacitação com coordenadores de curso e técnicos-administrativos. O encontro que teve como objetivo informar e integrar as atividades do Núcleo aos campi descentralizados serviu para que professores, técnicos e responsáveis pelo assunto pudessem conhecer um pouco mais sobre as ações já feitas na Sede e obterem orientações sobre como agir nos campi, já que tanto o campus de Frederico como o de Palmeira têm poucos anos de instalação e estão tendo que se deparar com uma realidade cada vez mais cotidiana dentro da universidade que é a chegada de estudantes com deficiência.

Saiba um pouco mais como funciona o processo vestibular para pessoas com deficiência

No Vestibular da UFSM estão contempladas as reservas de vagas aos cursos de graduação conforme a Resolução 011/07/UFSM que institui o Programa de Ações Afirmativas de Inclusão Racial e Social. Neste, dentro da Ação afirmativa B são reservadas 5% das vagas em cada curso de graduação para candidatos com necessidades especiais.  O candidato que deseja participar da Ação afirmativa B deve fazer a opção no momento da inscrição e comprovar a sua situação, sendo seu caso avaliado por uma comissão.

BLITZ ACESSIBILIDADE: URI recebe todos os anos alunos com deficiência

Universidade já conta com instalações avançadas para receber deficientes, mas ainda têm melhorias para serem feitas

Josafá Lucas Rohde

O Segunda Chamada começa agora uma série de reportagens especiais sobre acessibilidade. Decidimos começar pelas Universidades, em sorteio nossa primeira instituição a receber nossa “blitz” foi a Universidade Regional Integrada, URI, campus Frederico Westphalen. A seguir nosso relato sobre a situação atual da instituição.

Valêncio Marcolin perdeu o movimento das pernas há 12 anos, atualmente cursa duas graduações e mora sozinho (Foto: Josafá Lucas Rohde)

A URI conta atualmente com mais de 3 mil alunos, em 23 cursos, além de especializações e pós graduação. Entre os universitários, três tem deficiência, dois cadeirantes e uma aluna surda. Em quase todos os vestibulares a universidade recebe pessoas com deficiência. Na última edição do Vestibular de Verão houve a inscrição de uma candidata com deficiência visual. A assessoria de imprensa da universidade relata que a mesma recebeu um atendimento especializado, com acompanhamento durante toda a prova de uma professora com capacitação em Atendimento Educacional Especializado (AEE), auxiliada pela equipe do curso de Psicologia. Ainda segundo a assessoria, o procedimento é padrão, já que o direito é garantido por lei.

Um dos alunos com deficiência é Valêncio Marcolin, 33, ele sofreu um acidente e teve uma lesão medular traumática, perdendo movimento das pernas, além de apresentar limitação no movimento de uma das mãos. Marcolin cursa o primeiro semestre de Ciência da Computação e faz estágio no departamento de comunicação da universidade, como web designer. Ele conta que nunca teve dificuldades em sala de aula “pois minha limitação é física e não intelectual, desta forma não há problemas em realizar trabalhos e me relacionar com a turma”. Valêncio também cursa Administração na Universidade Norte do Paraná, Unopar, atualmente está no 7º semestre do curso. “Consigo conciliar as duas graduações pois uma é em EAD (Ensino à distância) e tenho aula presencial uma vez por semana. Gosto das duas áreas que estudo, e pretendo conciliar ambas”, explica.

Marcolin declarou que não encontra dificuldades de locomoção na URI, “tendo em vista que a universidade foi se adaptando, hoje há rampas de acesso para chegar a praticamente todos os locais”. Em sua sala, o calouro de Ciências da Computação tem um computador adaptado para trabalhar. O estagiário, além de trabalhar 6 horas por dia, mora sozinho. “Consigo fazer praticamente tudo sozinho no meu dia a dia, sou independente”.

A URI possui em seu Plano de Desenvolvimento Institucional (PDI), um item dedicado às políticas de Educação Inclusiva. A universidade dispõe de cursos de Libras; Especialização em Deficiências Múltiplas, através do curso de Pedagogia; também provê apoio e capacitação dos docentes dos cursos que tem alunos com deficiência e conta com intérprete contratada pela Universidade, responsável pelo gerenciamento das questões relacionadas à acessibilidade.

A professora de libras nos cursos de pedagogia, letras e contábeis, Vanice Hermel, relata que “o objetivo da disciplina nos cursos de licenciatura é preparar o futuro professor para saber como agir quando receber um aluno surdo”. Ela explica que “no curso de contábeis o objetivo das aulas é fazer com que os estudantes tenham noções básicas de comunicação com alguém com deficiência auditiva, tendo em vista que temos uma aluna surda neste curso”. Verenice também explica que a ideia é expandir o curso de libras para outras graduações e alcançar mais graduandos.

Fomos analisar a universidade, dessa forma caminhamos por toda sua extensão, há banheiros adaptados, rampas de acesso nos prédios, rampas especiais dentro do Salão de Atos, classes adaptadas, vagas no estacionamento do campus, entre outros. A assessoria de imprensa informou que está em fase de estudo, também, a instalação de um elevador no Prédio 8, onde funciona o Salão de Atos e os cursos de mestrado, onde o acesso é limitado atualmente. Com toda análise feita, a URI está aprovada na Blitz da acessibilidade do Segunda Chamada.